Objetivo Principal

O objetivo deste blog é construir e compartilhar experiências em Educação Musical para crianças. A ideia principal é estabelecer um repertório de músicas escritas especialmente para crianças, seus autores e os meios materiais de sua origem.



sexta-feira, 23 de maio de 2014

CHICO DOS BONECOS


Francisco Marques é mineiro, nasceu em Belo Horizonte em 1959. É contista, poeta, brincante e mamulengueiro. Seu trabalho, que desenvolve desde o início da década de 1980, tem como matéria-prima a riqueza da oralidade e da cultura brasileira: lendas, contos, fábulas, cantigas, brinquedos e brincadeiras. Com muito humor, carregando malas com brinquedos, livros, cacarecos, bonecos, fantoches, uma gaita, Chico desperta a imaginação do seu público através de suas histórias, brincando com as palavras.
Possuidor de uma voz audível e persuasiva, Chico dos Bonecos utiliza seu corpo, sua memória, sua imaginação e uma linguagem viva e musical para inspirar alunos e professores que participam de seus cursos e palestras. 
Atualmente, Chico mora em São Paulo. É autor de vários livros de literatura infantil, entre eles "Desvendério", "O Lenhador", "A Biblioteca dos Bichos", "Galeio" e "Muitas coisas, poucas palavras - A oficina do Professor Comênio e a arte de ensinar e aprender".
Seu livro "Galeio", publicado pela editora Peirópolis, foi premiado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil como melhor livro de poesia de 2005.
Tenho comigo, já há alguns anos, o CD "Histórias Gudórias de Gurrunfórias de Maracutórias Xiringabutórias", de sua autoria, pelo selo Palavra Cantada. Este CD foi gravado em 1999 e traz muitas histórias e poemas na voz do Chico dos Bonecos. Além disso, ele nos apresenta quatro brinquedos antigos e universalmente conhecidos, que produzem barulhos atraentes e fazem a trilha sonora das histórias: o diabolô, o diablete, o corrupio e a escada-de-Jacó.
  
                                                 



Vale a pena ler na íntegra a entrevista com Chico dos Bonecos publicada no endereço abaixo:

http://www.escoladeeducadores.com.br/ee/index.php?option=com_content&task=view&id=33&Itemid=29

Nesta entrevista, Chico fala da importância do brinquedo e do brincar para a criança. Fala sobre sua infância, seus trabalhos e sobre educação. 

Para Chico não se pode conceber a arte de ensinar sem a brincadeira: "a brincadeira ensina. O estudo é divertimento, quando se entende que aprender é decorrência natural de estar vivo, os cinco sentidos abertos. A escola é o lugar no qual letras e números são brinquedos."

Também dá para ouvir o CD na rádio UOL:

http://www.radio.uol.com.br/#/volume/francisco-marques/historias-gudorias-de-gurrunforias-de-maracutorias-xiringabutorias/3858

"A arte de ensinar é fruto de outra - da arte de aprender. E uma e outra não podem ser submetidas à pressa ou a discursos de eficácia que atropelem o mais importante: a nossa arte de ensinar é uma estrada segura, clara, cercada de infinitas coisas para se ver, ouvir, saborear, pegar, cheirar. Por isso, nessa estrada caminhamos devagar, calmamente, lentamente."


quinta-feira, 15 de maio de 2014

OS SALTIMBANCOS



Em 1977 eu ia completar 12 anos de idade. Não me lembro muito bem se meus pais compraram este disco assim que foi lançado, só sei que eu e minhas irmãs adorávamos ouvi-lo e encenamos o musical para o público lá de casa, no teatro da garagem, em Alumínio, onde morávamos.
No início deste ano, nas nossas reuniões de planejamento da Escolinha do Faz-de-Conta, recebi a sugestão da professora Márica para trabalharmos com o livro "Os Músicos de Bremen". Rapidamente me lembrei das músicas de "Os Saltimbancos" e criei um projeto de educação musical para as crianças dos grupos II e III da escolinha. Cada canção, cada personagem do musical permitiu o desenvolvimento de uma série de atividades para serem trabalhadas nas aulas de música.  As crianças estão adorando e já cantam os principais temas. É muito interessante poder reviver a obra, que me foi tão querida na infância, com meus alunos e perceber o quão atual e surpreendente ela continua sendo. 
A primeira temporada do espetáculo aconteceu no Rio de Janeiro, em 1977, no Canecão. No elenco Marieta Severo, como a gata, Miúcha, a galinha, Pedro Paulo Rangel, o cachorro e Grande Otelo, o jumento. No coro infantil muitas crianças, entre elas: Bebel Gilberto, Isabel Diegues e Sílvia Buarque. 
No entanto, para a gravação do disco, teremos a participação de Nara Leão, como a gata, Magro e Ruy, do grupo MPB 4, como o jumento e o cachorro e  Miúcha, como a galinha.
Em 1992, o espetáculo foi novamente montado, com muito sucesso,  e teve no elenco Nizo Neto, Maria Lúcia Priolli, Ruben Gabira e Suely Franco. 
Mas como tudo começou?


Em uma viagem à Itália, em 1976, Chico Buarque, conheceu o disco "I Musicanti". As músicas eram de Luis Enriquez Bacalov e o texto de Sérgio Bardotti (à esquerda, na foto ao lado). 
Luis Enriquez Bacalov, nasceu na Argentina, em Buenos Aires. Compositor, responsável pela trilha sonora de muitos filmes como "Django", "His Name is King" e "O Carteiro e o Poeta", ganhou, por este último, o Oscar de Melhor Trilha Sonora, em 1994. 
Sergio Bardotti, nasceu na Itália, em Pavia, em 1939, falecendo em Roma no ano de 2007. Letrista e compositor, autor de canções como "Canzone per te", "Ti Lascera" e "Occhi di Ragazza", Sergio Bardotti atuou na indústria fonográfica, sendo diretor da gravadora RCA. Foi responsável por difundir na Itália a música de Vinicius de Moraes, Toquinho e Chico Buarque.
O disco infantil "I Musicanti" foi inspirado no conto dos Irmãos Grimm, "Os Músicos de Bremen". Segundo Sergio Bardotti, a versão italiana, mudou o sexo de dois personagens: o gato e o galo, que passaram a ser uma galinha e uma gata. No entanto, esta mudança ocorreu devido aos intérpretes da obra: o grupo musical "I Richi e i Poveri" que era formado por dois homens e duas mulheres.
O musical não fez grande sucesso na Itália. No Brasil ganhou o nome de "Os Saltimbancos" que significa grupos de músicos ou artistas que viajam pelas cidades, fazendo apresentações nas praças, feiras e ruas.
Chico Buarque foi muito feliz ao imprimir uma linguagem mais teatral à obra. Interessante notar o uso de várias gírias, termos e expressões, que fazem parte das letras das músicas, que retratam o português falado na época. Expressões como: "crista da onda", "estar frito", "cacilda", "que grilo", "botar pra quebrar" entre outras. 
Um trecho bastante interessante do musical é quando os animais resolvem ensaiar a música "Minha Canção". Em forma de brincadeira eles fazem referência a diferentes trechos de músicas brasileiras como "Tem Dó", de Vinicius de Moraes, "Milho Verde", de Gilberto Gil, "Juventude Transviada", de Luiz Melodia  e "Ave Maria do Morro", de Herivelto Martins.
Vale a pena assistir o especial "Chico Buarque - Saltimbancos (2006)", dirigido por Roberto de Oliveira, disponível no endereço:

Os Saltimbancos é um musical com estrutura tradicional: as músicas vão ajudando a contar a história. O Jumento funciona como "mestre de cerimônias", apresentando o que está por vir. O coro das crianças são as vozes de consciência dos animais, advertindo contra os perigos, mostrando caminhos certos. Cada personagem tem sua canção, assim ele se apresenta ao público. As demais melodias fazem a abertura, falam dos sentimentos de alegria, frustração, vitória, apresentam as ideias e os planos dos animais.
As letras são divertidas, com muitas rimas, explorando a sonoridade das palavras e cativando as crianças. 
Quando completou 30 anos, a peça escrita pelo Chico, foi relançada pela editora José Olympio, com ilustrações inéditas de Ziraldo. Você sabia que os dois assinam também "Chapeuzinho Amarelo", clássico da literatura infanto-juvenil brasileira?




Falando de Rosas

Estava procurando uma cantiga para as crianças dançarem na festa junina da escolinha. Esta música é uma graça e neste arranjo ficou melhor ainda. Apreciem!