Objetivo Principal

O objetivo deste blog é construir e compartilhar experiências em Educação Musical para crianças. A ideia principal é estabelecer um repertório de músicas escritas especialmente para crianças, seus autores e os meios materiais de sua origem.



terça-feira, 30 de julho de 2013

CD ESTICA... DOBRA...



Comprei este CD em uma lojinha, lá em Tiradentes, MG, em 2008.
Desde então ele tem sido usado com frequência nas minhas aulas de música com as crianças da Educação Infantil. Carregado de músicas infantis, singelas e bonitas, o CD traz cantigas de domínio público e também composições de Paulo Santos e Ana Lúcia Braga. Produzido em 2004 o CD é resultado da parceria do Grupo Curupaco com CLIC - Centro Lúdico de Interação e Cultura, de Belo Horizonte.

O Grupo Curupaco originou-se a partir de Oficinas Instrumentais desenvolvidas pelo Grupo UAKTI e tem como idealizadores os músicos Paulo Sérgio dos Santos e Décio Ramos. Seu objetivo é promover vivências lúdicas voltadas para o desenvolvimento musical das crianças. Através de histórias e de uma linguagem musical bem cuidada os músicos convidam seu público para dançar, brincar de roda e apreciar uma grande variedade de arranjos, valorizados pelos ritmos e pelo uso de diferentes instrumentos musicais e de percussão. Além dos idealizadores, citados acima, integram o grupo os músicos Ana Lúcia Braga, André Rimas, Tunico Villani, Glauco Nastácia, João Carlos Leite, Josefina Cerqueira, Neyla Fernandes, Paulinho Carvalho, Bruno Pimenta e as crianças Caio Braga Pimenta e Lisa Cerqueira Santos.
Outros CD já foram lançados pelo grupo como: "Festa na Floresta" e "Voo do Pterodáctilo". O grupo apresenta espetáculos e oficinas, fazendo muito sucesso entre as crianças. 

Gostaria de destacar as canções "Estica dobra" por sua melodia contagiante e "balançante", as canções "A Corujinha" e "A Girafa" pela letra bem humorada e a adaptação da canção "Dona Tartaruga" que é amada pelas crianças.
Várias outras canções como "Curupacopapaco", "Casa Pequenina" e "Borboletinha" são mostradas com arranjos bem cuidados. Vale a pena conhecer!

domingo, 28 de julho de 2013

PARLENDAS

Aproveitei as férias para ler um livro muito bom: "Parlenda, Riqueza Folclórica - Base para a Educação e Iniciação à Música" de Jacqueline Heylen.


Não consegui encontrar muitas informações sobre a autora, a não ser um pequeno texto escrito na aba do seu livro. Jacqueline Heylen nasceu na Bélgica. Formada em Música, com especialização em pedagogia musical, veio para o Brasil em 1961. Professora de Artes Plásticas e Música, editou o disco "Alegria de Natal" com músicas de sua autoria. Fundou em 1971 a Escola Livre de Arte "Movimusicart", publicou os cadernos "Dó Ré Mi Fá da Música", onde propõe um trabalho de iniciação musical através do ritmo de palavras e frases: quadrinhas e parlendas. Atuou como professora universitária na área de música e folclore no Centro de Artes e Faculdade de Música da Universidade de Ribeirão Preto, São Paulo.

A autora define Parlenda como "conjunto de palavras de arrumação rítmica em forma de verso que rima ou não" e "forma recitativa que distingue-se dos versos pela atividade que acompanha: jogo, brincadeira ou movimento corporal".
As parlendas são expressão linguística de transmissão oral, de domínio público que expressam a maneira de pensar, sentir e agir de um povo. Segundo a autora a linguagem das parlendas é simples e dá prioridade à massa sonora e rítmica, sendo que a palavra está em função da cadência.

Quando uma criança recita uma parlenda ela adquire prática na audição e execução dos sons falados, aprende a entoação dos fonemas, vocábulos, palavras e frases, se exercitando na prosódia.

A dinâmica das parlendas depende do metro e do ritmo de cada uma delas. Isso pode variar conforme a função da parlenda. A parlenda "Bãobalalão", muito usada para embalar uma criança, utiliza, com mais frequência, a divisão ternária dos tempos. Parlendas usadas como fórmula de escolha, como "Lá em cima do piano", apresentam uma marcação rítmica acentuada e regular. Algumas parlendas têm ritmo livre como "A baratinha voou, voou" e outras apresentam ritmo compassado, geralmente em compassos binários, simples ou compostos. 

As parlendas estão intimamente ligadas ao movimento corporal. Este movimento pode acontecer desde o ato de apontar os participantes da brincadeira, até as mais variadas movimentações:
- movimento de bater palmas: "Eu com as quatro".
- movimento dos dedos: "Dedo Minguinho".
- movimento de apontar: "Uni, duni, te".
- movimento com coreografia: "Bom barqueiro, bom barqueiro".
- movimento de andar, correr, abaixar, puxar e pular: "Agá, agá, a galinha quer botá".
- equilíbrio corporal: "Borboleta, leta, leta".

As parlendas podem ser recitadas com ondulações de voz, com variação de altura, formando uma melodia. Nestes casos é comum que os intervalos não ultrapassem às terças. Isto faz com que as parlendas apresentem semelhanças com melodias primitivas e também com as melodias do canto gregoriano. Temos o exemplo do "Serra, serra, serrador."

Vários jogos tradicionais são ligados às parlendas, onde o ritmo das palavras propõe ordem física, mental e social ao jogo. Temos parlendas para brincadeiras como:
- Pega-pega: "Limão galego, relou, tá pego".
- Lenço atrás: "Corre cutia".
- Esconde-esconde: "Balança, caixão".
- Cabra-Cega: "- Cabra cega. - Inhá. - D'onde vem? - Do mundê."
- Execução de tarefas: "Bente que bente o frade!"
- Jogo de bola: "Lá vai a bola".
- Pular corda: "Batatinha frita".
- Brincar de estátua: "Duro, mole".
- Jogo de memória: "Categoria".

Observem esta frase de Carl Orff, músico, compositor e educador alemão:
"consideramos o exercício de prosódia a base de qualquer Educação Musical, tanto rítmica como melódica. Os exercícios de prosódia facilitam a aprendizagem dos ritmos binários, dos ternários, dos anacruses e das mudanças de compasso. Também bater palmas e praticar exercícios de direção combinados com exercícios de prosódia, ajudam a aprender a notação musical."
Como Jacqueline Heylen afirma no título de seu livro as parlendas podem ser a base para a Educação Musical. Através dos jogos e do movimento a criança sente o ritmo, o acento e a pulsação. Ao cantar uma parlenda ela alterna os sons agudos e graves. Além disso o jogo com parlendas favorecem que as crianças aceitem regras e estabeleçam normas de modo espontâneo. Despertam sentimentos de brandura, paciência, união, ordem e disciplina.
Parlendas falam de locais, cidades e ambientes. Trazem personagens representativos da vida das crianças, são expressões do povo. Trazem distração, diversão e recreação. São expressões do folclore e trazem a marca de sabedoria do povo. 
Nas escolas as parlendas trazem informações, desenvolvem a memorização, ensinam cores, o alfabeto e os números, por exemplo.

Segundo ainda a autora, as parlendas têm:
- valor cultural - são manifestação do povo.
- valor folclórico - pertencem à linguagem oral.
- valor histórico - transmitem a tradição de geração em geração.
- valor educacional - são importantes na evolução e desenvolvimento da criança.
- valor musical - pelo alto teor rítmico e ondulação vocal, apoiado na cadência poética e ritmo do movimento.



terça-feira, 2 de julho de 2013

DUAS FESTAS DE CIRANDA



Fiquei conhecendo Fábio Sombra através do livro "A Peleja do Violeiro Chico Bento com o Rabequeiro Zé Lelé" (confiram a postagem neste blog). Gostei muito do seu trabalho, visitei seu blog e me interessei pelo livro "Duas Festas de Ciranda".
O livro é muito bom! Apresentei-o às crianças da Escolinha do Faz-de-Conta e todos gostaram também!
As duas cirandas "Caranguejo no Salão" e "A Ciranda do Sapo-Boi" foram dançadas pelos grupos I e II na festa junina da escolinha.
Inspiradas nas cirandas caiçaras da região de Paraty, no Rio de Janeiro, estas cirandas trazem  letras fáceis, que falam de bichos, de dança e música. O ritmo é alegre, estimula o movimento. A viola anima a festa, contagiando a todos. 
Foram compostas por Fábio Sombra e Sérgio Penna, ambos violeiros, pesquisadores e divulgadores da cultura popular.
Sérgio Penna é mineiro de Santa Rita do Jacutinga. É violeiro, cantador, compositor e criador do grupo Violeiros Matutos. É professor de viola caipira. Participou da trilha sonora com a viola e rabeca no livro "A Peleja do Violeiro Chico Bento com o Rabequeiro Zé Lelé" .Também é parceiro de Fábio Sombra no livro "Mês de Junho Tem São João" pela editora Zit. Pela Giramundo Editora, uma de suas composições "Brincadeiras no Sertão" virou um livro ilustrado, voltado para o público infantil.
Belíssimo trabalho!

Falando de Rosas

Estava procurando uma cantiga para as crianças dançarem na festa junina da escolinha. Esta música é uma graça e neste arranjo ficou melhor ainda. Apreciem!