Objetivo Principal

O objetivo deste blog é construir e compartilhar experiências em Educação Musical para crianças. A ideia principal é estabelecer um repertório de músicas escritas especialmente para crianças, seus autores e os meios materiais de sua origem.



quarta-feira, 28 de junho de 2017

CD - CANTAR O MUNDO








Um dos CDs que considero mais preciosos na biblioteca da minha escola é este: "Cantar o Mundo" de Elisa Manzano e Paula Mourão.










                 
Gravado entre março de 2004 e junho de 2005, o CD contem 54 faixas com músicas, parlendas e poesias que, agrupadas em rodas, falam de temas diferentes relacionados a épocas do ano, suas festividades e estações. Utilizando como instrumentos o violão, a flauta, alguns instrumentos de pequena percussão e o xilofone, as autoras trazem, em cada faixa, muita musicalidade, sensibilidade e emoção aos ouvintes. Ouvimos também sons de tubos de PVC, carrilhão de chaves, papel amassado, apitos de pássaros e berimbau, sons que enriquecem as faixas e despertam a curiosidade e a percepção auditiva dos ouvintes.

Começamos com uma breve acolhida e com a Roda Rítmica do Verão. Não tem música mais bonita para falar de chuva com os pequenos que "Cai a Chuva". Falar, cantar e sonorizar...

"Cai a chuva miudinha,
 cai a chuva lá do céu
Vou abrir meu guarda chuva
E botar o meu chapéu.
Tra-la la la la la.

Uma forte trovoada
Faz a chuva desabar
Escorrendo na calçada
Minha roupa vai molhar.
Tra-la la la la la.


Mas o sol por entre as nuvens
Já começa a espiar
E no céu um arco-íris
Vem a Terra enfeitar.
Tra-la la la la la."



Em seguida vem a Roda Rítmica da Páscoa com a história da lagarta e sua metamorfose.
A Roda Rítmica "Diferentes Povos" é encantadora. Conforme o trenzinho vai andando encontramos músicas do folclore espanhol, francês, alemão e inglês.

Para as festas juninas temos a Roda de São João com as parlendas da Paçoca, da Pipoca e da Fogueira. Tudo feito com muito carinho.
Depois de falar do Saci Pererê, vem a Roda da Primavera:

"Entrei num jardim com flores,
Não sei qual escolherei...
Escolho a mais formosa,
Com ela eu dançarei..." 

Para terminar a Roda Rítmica do Pastorzinho.

Segundo as autoras o objetivo deste trabalho é: "incentivar o resgate da cultura e da linguagem musical como ferramentas pedagógicas fundamentais para despertar a sensibilidade, o senso rítmico, a imaginação e a criatividade tanto da criança quanto do próprio educador, passando pelas esferas afetiva, estética e cognitiva."

Elisa Manzano é pedagoga, formada pela UNICAMP. Estudou Euritmia e Pedagogia Waldorf na Alemanha e atua como professora em Campinas. Exerce atividade junto ao Ateliê Pulsando Som, Instrumentos Musicais Artesanais, cujo endereço na internet é:
http://pulsandosom.com.br/






Paula Mourão é terapeuta social, trabalhando com pessoas com deficiência intelectual e múltipla. Ministra cursos de Danças Circulares e é regente do coral do Encontro Brasileiro de Danças Circulares e Sagradas.





Vale a pena conferir!





sexta-feira, 16 de junho de 2017

PIXINGUINHA PARA CRIANÇAS




Pixinguinha nasceu dia 23 de abril de 1898, no Rio de Janeiro. Seu nome era Alfredo da Rocha Viana Filho, mas ganhou um lindo apelido da avó que o chamava Pizidim, um nome africano, formado por duas palavras que querem dizer: pizin - bom e dim - menino.  

Desde pequeno teve contato com a música através de sua família. Seu pai era flautista e seu irmão Henrique ensinou-lhe a tocar cavaquinho. Nas reuniões de músicos que haviam em sua casa,  o menino participava das rodas de chorinho e mesmo quando ficava tarde e seu pai mandava-o dormir, ele ficava ouvindo do seu quarto e no dia seguinte tocava os chorinhos de ouvido para seu professor Irineu de Almeida.

Aos poucos começou a acompanhar seu pai nos bailes para tocar e compôs sua primeira música "Lata de Leite" aos 11-12 anos de idade.

Autor de centenas de valsas, sambas, choros e polcas foi, segundo Sérgio Cabral, um flautista genial. Primeiro músico a fazer orquestrações brasileiras para a música popular e maior compositor de música instrumental do Brasil. Admirado por muitos compositores, reuniu em sua obra beleza, sofisticação e brasilidade. Fez arranjos para intérpretes famosos como Carmem Miranda, Francisco Alves e Mário Reis.

Aos 14 anos, Pixinguinha começou a trabalhar como músico nos cabarés famosos do Rio de Janeiro e entrou para a orquestra do Cine Teatro Rio Branco, como flautista. Sua primeira gravação foi o chorinho "São João Debaixo d´Água" de Irineu de Almeida.
Com o conjunto musical "Os Oito Batutas", Pixinguinha tocou com Donga, Nelson Alves, China, Raul Palmieri, José Alves e Luís Oliveira. O grupo foi o primeiro regional brasileiro a viajar em excursão para a Europa em janeiro de 1922.

Pixinguinha foi um representante da cultura e da cidade do Rio de Janeiro. Com muitos amigos, era um boêmio, frequentador assíduo de bares, ganhando até mesmo o seu nome gravado em ouro na sua mesa, no Bar Gouveia, situado na Travessa do Ouvidor.

Tocou na Orquestra Típica Pixinguinha-Donga e no Grupo da Velha Guarda. Suas composições estão gravadas em dezenas de discos e muitas delas ganharam letras de Braguinha, Vinicius de Moraes, Hermínio Bello de Carvalho e Paulo César Pinheiro, entre outros.

Autor de "Carinhoso", "Rosa", "Naquele Tempo", Pixinguinha contou em depoimento realizado no Museu da Imagem e do Som, tendo como um dos entrevistadores Hermínio Bello de Carvalho, que as músicas que mais o agradavam eram "Ingênuo", a segunda parte, e "Porque Sofres", a terceira parte.

Gostaria de destacar aqui algumas frases que famosos disseram sobre ele:


"Se fosse necessário resumir a música popular brasileira em uma palavra, esta seria Pixinguinha."
"Que outro nome, além de Pixinguinha – ele que é instrumentista, compositor, orquestrador, chefe de orquestra e tudo isso de forma genial – poderia realmente melhor representar a música popular brasileira de todos os tempos?"
(Ary Vasconcelos)




"A benção, Pixinguinha, tu que choraste na flauta todas as minhas mágoas de amor" (Vinicius de Moraes)


"Amor da minha vida. Gênio querido e humano" (Tom Jobim)

Pois, bem... Sempre gostei de Pixinguinha, de chorinho, de música instrumental brasileira. Entre as tantas lembranças, heranças que me couberam da minha mãe, trouxe um livro-CD organizado por Hermínio Bello de Carvalho: "Pixinguinha - 100 anos". Fui ouvindo aqueles dois CDs, prestando muita atenção e fiquei maravilhada com uma descoberta (tardia, talvez...): Pixinguinha fez música para crianças!
Já conhecia muito bem o "Samba na Areia". O CD traz uma série chamada "Brincando com os Bichos" com as composições: "O Gato e o Canário", onde a flauta e o saxofone brincam juntos, "Urubatã", que quer dizer pássaro em africano, "Pula Sapo", "Marreco quer Água" e o "Samba do Urubu". Estas músicas, inspiradas nos sons e nos movimentos dos animais, mostram a genialidade do autor na exploração dos sons onomatopaicos nas melodias.

Além destas músicas, outras que são alegres e tem nome de animais no título, como: "Cercando  Frango", "Salto do Grilo" e "Papagaio Sabido" sugerem uma aproximação com o universo infantil. Segundo Henrique Cazes, músico e produtor musical, Pixinguinha foi pioneiro em compor música para crianças no Brasil.

Henrique Cazes foi produtor musical do CD que acompanha o livro "Pixinguinha para Crianças - Uma Lição de Brasil". O livro da editora Multiletra, traz ilustrações de Guto Nóbrega, texto de Rosa Amanda Strausz e organização de Carlos Alberto Rabaça e conta a história do autor, sua infância, sua carreira, seus amores e sua arte. No CD, 12 faixas com composições de Pixinguinha escolhidas pela leveza, pelas letras engraçadas, pelas histórias que narram e pela doçura que expressam.







No ano de 2013 os músicos Daniel Fernandes, Milena Sá e Marcelo Cebukin criaram um espetáculo em que contam a história e a obra de Pixinguinha. Junto com Joana Saraiva, Bernardo Diniz e Luzia de Mendonça, o espetáculo que une música e performance com bonecos, máscaras e brinquedos obteve muita aceitação pelo público e mostrou que o repertório de Pixinguinha pode, ainda hoje, atrair pessoas de todas as idades.
O vídeo abaixo mostra um pouco do trabalho do grupo.

https://vimeo.com/129146942






O Dia Nacional do Choro é dia 23 de abril, data que marca o nascimento de Pixinguinha. Ele faleceu em 1973 aos 75 anos de idade.


Ouçam "O Canário e o Gato" gravado em 1949 com Pixinguinha no saxofone.






Falando de Rosas

Estava procurando uma cantiga para as crianças dançarem na festa junina da escolinha. Esta música é uma graça e neste arranjo ficou melhor ainda. Apreciem!