"Pé de Pilão,
Carne seca com feijão.
Arreda, camundongo
Pra passar o batalhão"
Esta era uma antiga cantiga popular africana que acompanhava as crianças, nos séculos XVIII e XIX, no jogo do "belisco". Este jogo era feito com as crianças em roda, onde se distribuíam beliscões, enquanto cantavam:
"Uma, duas angolinhas
Finca o pé na pampolinha.
O rapaz que jogo faz?
Faz o jogo do capão.
O capão, semicapão,
Veja bem que vinte são.
E recolha o seu pezinho
Na conchinha de uma mão
Que lá vai um beliscão."
Pobre coitada da criança que recebia o beliscão, assim que terminava a parlenda, apanhava de todos os participantes da roda, que recitavam os versos:
"É de rim-fon-fon,
É de rim-fon-fon.
Pé de pilão
Carne seca com feijão."
A partir desta quadrinha, o poeta gaúcho Mário Quintana escreveu seu poema "Pé de Pilão". E assim, com versos cheios de ritmo e rimas, palavras engraçadas e muita imaginação, surge uma história, em forma de poema, do menino que foi transformado em um pato e suas aventuras.
O texto é muito bonito, cheio de imagens próprias do mundo infantil: fadas, macaco, cavalo, polícia, floresta, igreja, Nossa Senhora, ladrão... E como em tantas histórias fala do confronto entre o Bem e o Mal, com direito à um final feliz!
Publicado em 1975, época em que Mário Quintana já era um poeta consagrado, "Pé de Pilão" virou um clássico da literatura infantil.
No ano seguinte, Mery Weiss, da editora Garatuja, convidou Cláudio Levitan a musicar o poema, para transformar a obra em disco.
Cláudio Levitan, compositor, arquiteto e escritor, nascido em Porto Alegre, aceitou o convite e junto com dois amigos: Nico Nicolaiewsky e Vitor Ramil, gaúchos também, escreveram as músicas que, por alguns motivos, não foram gravadas na época
.
Em 1986, Cláudio Levitan publicou o poema em forma de histórias em quadrinhos, com suas ilustrações, pela editora LPM, em comemoração dos 80 anos de Mário Quintana.
Vinte anos mais tarde, a Turma do Pé Quente, grupo de artistas-músicos, apresenta a Opereta Infantil "Pé de Pilão", espetáculo que mistura música, bonecos e teatro.
A peça estreou em 2006 por ocasião da comemoração do centenário de nascimento de Mário Quintana.
Tive a oportunidade de assisti-la no canal TV Rá Tim Bum e me encantar por ela.
O espetáculo foi indicado a vários prêmios, tendo recebido o Prêmio Tibicuera de melhor trilha sonora para Teatro Infantil em 2006. Foi selecionado e ganhou o prêmio Rumos Itaú Cultural em 2011/2012.
Neste vídeo, Cláudio Levitan fala sobre as suas músicas, sobre o poema e o poeta e sobre a criação do espetáculo, com seus músicos, artistas, figurinos e cenários.
Neste endereço você pode ouvir todas as músicas. Vale a pena conferir:
http://claudiolevitan.com/Opereta-Pe-de-Pilao
É preciso resgatar o melhor que já se fez para as crianças do Brasil. Parabéns pelo Blog, e que ele consiga manter, ao longo de muito tempo, essa qualidade da estréia...
ResponderExcluirObrigada, meu querido. Vou tentar sempre. Um abraço!
ResponderExcluirRealmente, precisamos SEMPRE de verdadeiros educadores, como você, Virgínia, em todas as áreas do conhecimento, resgatando saberes, transformando-os, quando necessário, tornando-os interessantes para os alunos. Para todos nós, que temos contato com seu blog.
ResponderExcluirObrigada! É o que eu gosto de fazer. Vale a pena!
ExcluirGratidão! Estou escrevendo sobre minha biografia, meu avô cantava muito essa música para todos os netos e dava o beliscão em nossa orelha no final. Foi muito lindo e emocionante encontrar aqui um pouco sobre sua origem e história e poder compartilhar com minha família e na minha monografia, registrar essa riqueza cultural. Gratidão!
ResponderExcluirObrigada, Sílvia! Você me deu, com seu comentário, mais vontade de continuar escrevendo e postando no meu blog. Abraços!
ExcluirEm 2020 meu filho de 5 anos ficou fã da opereta, ouve quase todos os dias. Devemos resgatar estes classicos para nossas crianças
ResponderExcluirQue bacana! As crianças gostam muito de música e estão abertas para qualquer tipo de música que apresentamos à elas. Mais tarde elas se tornarão ouvintes mais preparados e mais críticos.
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