Objetivo Principal

O objetivo deste blog é construir e compartilhar experiências em Educação Musical para crianças. A ideia principal é estabelecer um repertório de músicas escritas especialmente para crianças, seus autores e os meios materiais de sua origem.



terça-feira, 11 de novembro de 2014

SÍTIO DO PICAPAU AMARELO






Já estamos quase no final de 2014. Época de ensaios para as festas de encerramento das escolas. Como sempre, na nossa escolinha, buscamos um tema de interesse das crianças. Durante todo o ano letivo vários projetos foram feitos, vários assuntos foram abordados, o que chamou mais a atenção das crianças? Que tema poderia ser tão rico e envolver todos os pequenos, do maternal ao grupo 3, para nosso teatro?
Este ano escolhemos "O Sítio do Picapau Amarelo". 

O primeiro livro de Monteiro Lobato que fala do Sítio é "A Menina do Narizinho Arrebitado", escrito em 1920. Desde então foram muitas histórias e personagens que ficaram famosos e encantaram as crianças por muitas gerações.

Em 1952 foi exibida a primeira adaptação da obra de Monteiro Lobato para a televisão. Criado por Júlio Gouveia e Tatiana Belinky o programa ficou no ar por 10 anos na TV Tupi.
No entanto, a adaptação mais conhecida estreou em 1977, na Rede Globo.
Tornou-se um dos marcos da teledramaturgia brasileira e foi exibida até 1986. Em 2001 uma nova série foi produzida e exibida pela Rede Globo, contando com mais de 500 episódios. Em 2010 foi anunciada a produção de uma série animada, com direção de Humberto Avelar e criação dos personagens feita por Bruno Okada.

Mas eu queria mesmo era falar da trilha sonora da série...
O álbum de 1977 reuniu grandes nomes da MPB, compositores e intérpretes. Com lindas melodias, arranjos bem elaborados, ritmos variados, que nos fazem ir das cantigas de ninar ao samba.


Produzido por Guto Graça Mello e Dori Caymmi e lançado pela Som Livre as músicas eram:

- Narizinho - Ivan Lins e Vitor Martins;
- Ploquet Pluft Nhoque (Jaboticaba) - Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro;
- Saci - Guto Graça Mello (esta música, instrumental a princípio, ganhou letra de Carlinhos Brown na gravação de 2001);
- Peixe - Caetano Veloso;
- Visconde de Sabugosa - João Bosco e Aldir Blanc;
- Dona Benta - Ivan Lins e Vitor Martins;
- Sítio do Picapau Amarelo - Gilberto Gil;
- Pedrinho - Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro;
- Arraial dos Tucanos - Geraldo Azevedo e Carlos Fernando;
- Tia Nastácia - Dorival Caymmi;
- Passaredo - Chico Buarque e Francis Hime;
- Emília - Sérgio Ricardo;
- Tio Barnabé - Marlui Miranda, Jards Macalé e Xico Chaves.

Vale a pena conferir artigo falando sobre a trilha sonora original no endereço:

http://www.overmundo.com.br/overblog/sitio-do-picapau-amarelo-trilha-sonora-original

Em 2001 as canções antigas foram regravadas e ganharam novas versões nas vozes de Ivete Sangalo, Pato Fu, Zeca Pagodinho e Jota Quest, por exemplo. Novas composições foram feitas ampliando o repertório do Sítio e trazendo novos compositores como Jorge Vercilo e Lenine.

Com tanta música boa vamos ter uma bela apresentação!


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

GANGORRA - COM A CORDA TODA


Tenho acompanhado alguns  programas do "Musical Rá Tim Bum" e me encantei com a apresentação do grupo "Gangorra", que assisti neste último final de semana.




O projeto "Gangorra" surgiu com os músicos e compositores Vange Milliet e Paulo Lepetit a partir da convivência com seus filhos pequenos. Assim, utilizando temas inspirados no dia-a-dia das crianças, surgiram as 13 composições que mais tarde se transformariam no CD "Com a Corda Toda", lançado em 2013 pelo selo Sesc.


As músicas retratam o cotidiano infantil, falando de animais (cavalos, papagaio, galo, pernilongo, tamanduá), das dúvidas das crianças e de seus medos. Os ritmos são variados e o disco conta com as participações especiais de Zeca Baleiro, Maurício Pereira e Swami Jr. Os músicos, além de Vange Milliet e Paulo Lepetit, são Webster Santos, Leandro Paccagnella, Marcos Bowie e Thomas Rohrer.
A primeira apresentação do grupo foi em 2011 dentro do Rumos da Música - Infantil do Itaú Cultural. Desde então foram muitos shows que trazem, além da música, cenas teatrais, brincadeiras e bonecos. São utilizados também instrumentos feitos de material reciclável o que torna o show divertido, envolvente e descontraído.


Vange Milliet é cantora, compositora, produtora musical, fotógrafa e diretora de documentário. Iniciou sua carreira em 1988, trabalhando com Chico César. Dividiu os palcos com Tom Zé, Zé Keti, Lenine, Zeca Baleiro, Elza Soares, Itamar Assumpção, Naná Vasconcelos, e outros músicos brasileiros. Tem três discos lançados "Vange Milliet", "Arrepiô" e "Tudo em mim anda a mil". 
Paulo Lepetit é compositor, arranjador e produtor musical. Iniciou sua carreira nos anos 80, como integrante da banda "Isca de Polícia", de Itamar Assumpção. Tocou com Cássia Eller, Fortuna, Chico César e trabalhou como produtor com Tom Zé, Dona Zica, Bocato, Alzira Espíndola, entre outros. Produziu o disco "Pretobrás" de Itamar Assumpção, que ganhou o Prêmio Sharp de melhor disco pop em 1998.
No vídeo a seguir, eles contam um pouco sobre o show e as músicas. Vale a pena assistir!



terça-feira, 5 de agosto de 2014

LÁ VEM HISTÓRIA - BIA BEDRAN




Entre 1987 e 1993, Bia Bedran iniciou um trabalho pioneiro ao levar o ato de contar histórias para a televisão. Primeiro com o programa "Canta, Conto" na TVE do Rio de Janeiro. A partir de 1988 foi a vez do "Baleia Verde" na TVE e na TV Manchete. 
A série "Lá vem História" estreou no dia 22 de maio de 1995, com a lenda "Estrela do Mar", contada por Bia Bedran.
Num programa simples e cheio de graça, com duração de no máximo cinco minutos, Bia Bedran contava lendas e histórias, utilizando diferentes objetos sonoros e instrumentos musicais para fazer a sonoplastia e representar os personagens das histórias.
O programa ia ao ar pela TV Cultura de São Paulo. Bia Bedran gravou 20 episódios. 
Seu jeito de contar histórias encanta e por isso vale a pena conhecer este trabalho!



As histórias são lindas, e, neste mês do folclore, são material muito rico para trabalhar em sala de aula.  




quinta-feira, 3 de julho de 2014

DOZE LENDAS BRASILEIRAS - CLARICE LISPECTOR





Lançado pela editora Luz da Cidade, em 2000, o CD "Doze Lendas Brasileiras" traz histórias curtas, inspiradas em lendas nacionais, escritas por Clarice Lispector e contadas por 12 artistas brasileiras. 
No elenco encontramos Camila Pitanga, Sílvia Buarque, Maria Padilha, Heloísa Mafalda, Zilka Salaberry, Odete Lara, Rosita Thomas Lopes, Duze Naccarati, Luana Piovani, Maria Zilda Bethlem, Martha Overbeck e Mariana Valente. Mariana, na época da gravação com 13 anos, é neta de Clarice e escolheu o conto "Curupira"  para ler, com muita graça e vivacidade.
Já as veteranas Zilka e Heloísa parecem contar histórias para seus netos. Algumas fazem grandes interpretações, como Odete na história "Uma Lenda Verdadeira" falando do nascimento de Jesus. Camila utiliza a alternância de tons na voz para diferenciar os personagens de "As Aventuras de Malazarte".
Quem coordenou o projeto foi Paulo Lima, que conta também com a trilha sonora de Paulo Rafael e Paulo Brandão.


Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, em 1925. A família mudou-se quando Clarice era ainda pequena, estabelecendo-se em Recife. Aos 12 anos, órfã da mãe, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. 
Clarice cursou Direito, mas, apaixonada por livros, trabalhou em jornais, casando-se em 1943. Seu primeiro livro "Perto do Coração Selvagem" foi publicado no ano seguinte. Seu marido era diplomata, por isso viveram muitos anos fora do Brasil. Clarice dedicava-se a escrever. Depois de 15 anos, separada do marido, Clarice voltou ao Rio de Janeiro. Tornou-se uma das mais importantes escritoras brasileiras. Faleceu em 1977.
Durante sua vida dedicou-se também a literatura Infantil. Entre suas obras estão: "Mistério do Coelho Pensante", "A Vida Íntima de Laura", "A Mulher que Matou os Peixes" e "Quase Verdade". 
Nestes livros Clarice surpreende com uma sensibilidade quase maternal, como se as histórias fossem contadas numa sala de visitas, por alguém bem próximo ao leitor, criando um clima de intimidade e confiança. 
"Doze Lendas Brasileiras" é a versão em audio do livro "Como Nasceram as Estrelas". No livro estão doze histórias , encomendadas a Clarice para ilustrar um calendário. São doze lendas, uma para cada mês do ano. Fala-se de Saci, do Uirapuru, do Curupira e da Iara. Fala-se de onças, sapos, urubus e jabutis. 
Os textos são curtos e constantemente sofrem interferência da narradora: "Será que a moral desta história é que o bem sempre vence? Bom, nós todos sabemos que nem sempre. Mas o melhor é a gente ir-se arranjando como pode e dar um jeito de ser bom e ficar com a consciência calminha" ou "Como é que se espalhou que o uirapuru dá sorte? Ah, isso não sei, mas que dá, dá!".


Fiquei encantada com as histórias, o jeito de contar, assim tão calmo, tão aconchegante! Com certeza as crianças vão adorar quando forem apresentadas à estas lendas tão bonitas!

domingo, 22 de junho de 2014

HISTÓRIAS DO MÊS DE JUNHO - PARTE 2

Mais uma história! Desta vez um belo conto popular, conhecido por todos: "Festa no Céu"!

"Vai haver festa no céu
Vou levar meu violão
Vou cantar a noite inteira, ô,
Bam, banlão, bambão, bambão."

No entanto, quem poderia ir à esta festa? Só bicho que voa. Os outros bichos ficaram tristes, mas inconformado mesmo ficou o sapo, ou será o jabuti? Depende...
São várias versões. 
Conheci "Festa no Céu" na coleção Disquinho. Coleção antiga, lançada em 1965 pela Continental e produzida até a década de 1980. Os discos coloridos contavam as mais belas histórias infantis. Musicadas por João de Barro, Eliza Fiúza e Sílvia Helena Fiúza e orquestradas por Radamés Gnatalli, as histórias são adaptações de lendas, de contos populares, de contos de Andersen, de Grimm e outros autores. A coleção fez grande sucesso na época, sendo relançada entre 2003 e 2006 pela WEA em CDs, preservando as capas originais.




A adaptação de "Festa no Céu" de João de Barro é leve e muito divertida. Os temas musicais, ligados à algum personagem, trazem palavras que brincam com as vozes dos animais: os sapos coaxando, o canto da saracura com ritmo martelado, o urubu com seu violão, a voz estridente da araponga, os mosquitos que cantam "fino" e os besouros que cantam "grosso".
A coleção "Clássicos Infantis" da editora Moderna, publicada pela primeira vez nos anos oitenta, apresenta muitos contos de fadas e muitas histórias que fizeram parte da série "Disquinho".  Entre eles, com adaptação de Cristina Porto, está "Festa no Céu".



Com ilustrações de Tatiana Paiva e os versos de João de Barro, a editora Rocco também apresenta seu livro "Festa no Céu".




Tenho comigo mais três versões:
- Festa no Céu - conto popular recontado por Ana Maria Machado da editora FTD.
- Festa no Céu - Coleção Folha - Contos e Fábulas para crianças.
- Alvoroço de Festa no Céu - esta versão é especial! Faz parte do CD "Doze Lendas Brasileiras" de Clarice Lispector. Versão em audio do livro "Como Nascem as Estrelas" este CD traz lendas e casos do folclore brasileiro, recontados pela grande escritora Clarice Lispector. Na voz de atrizes como Maria Padilha, Maria Zilda Bethlem, Heloísa Mafalda, entre outras, as histórias são narradas com muita graça, humor e dramaticidade. Que belo trabalho de Clarice que consegue dar um final surpreendente ao nosso inconformado sapo.

Por ser uma grande história, que faz brilhar os olhos e traz alegria para quem a escuta, "Festa no Céu" sempre vai estar presente. E que belo material para enriquecer nossas aulas e as festas do mês de junho!



sábado, 21 de junho de 2014

HISTÓRIAS DO MÊS DE JUNHO

Gosto muito de usar livros de histórias nas aulas de música para as crianças. Com a chegada das festas juninas resolvi comprar o livro "Mês de Junho tem São João" do Fábio Sombra e Sérgio Penna. Que trabalho bonito eles fazem! Vocês se lembram do livro "Duas Festas de Ciranda" dos mesmos autores? Pois bem, ambos os livros fazem parte da coleção "Tradições de nossa Terra" da editora ZIT.




"Passa o ano e já vem vindo
O mês de junho no sertão
Com forró pra Santo Antônio,
Pra São Pedro e São João."

O livro é muito colorido, com gravuras que fazem lembrar as xilogravuras da literatura de cordel. Não podemos nos esquecer que Fábio Sombra é membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e um grande pesquisador da cultura popular brasileira. Junto com Sérgio Penna, também violeiro e compositor, os dois fazem um passeio pelas tradicionais festas juninas, rico em detalhes como: as comidas típicas, as brincadeiras, a música, os violeiros, a quadrilha e o casório (com direito a padre e delegado no altar....).
As crianças da escolinha do Faz-de-Conta já conheceram o livro e estão adorando!
Os versos, ritmados e com muitas rimas, são gostosos de ouvir e logo as crianças estão completando as frases com muita alegria. Vale a pena conhecer!

sábado, 14 de junho de 2014

CACURIÁ


No dia 31 de maio, participei de um curso em Ribeirão Preto, promovido pelo Centro de Estudos da Escola da Vila, sobre música na Educação Infantil. O orientador do curso foi o professor Vicente Domingues Régis. 
O curso foi muito bom, dançamos e brincamos o dia inteiro e aprendemos muitas coisas novas. É surpreendente como nós podemos aprender sempre! Muitas vezes revemos as mesmas músicas, mas cantadas e dançadas de formas diferentes. Assim as ideias vão surgindo e você se sente renovada!
Entre as muitas brincadeiras que fizemos, gostaria de destacar as danças de roda com o ritmo do cacuriá. No curso nós cantamos o "Jacaré Boiô", a "Lavadeira", o "Jabuti", o "Caranguejinho" o "Peixe Piá". Todas elas são muito animadas e propícias para trabalhar com as crianças da Educação Infantil.
O Cacuría é uma dança maranhense, que surgiu nos festejos do Divino Espírito Santo, no início da década de 1970. Alauriano Campos de Almeida, mais conhecido como Lauro (1917-1993), foi o criador desta dança. Seu Lauro era festeiro do Divino e organizador de brincadeiras do Bumba-Boi, do tambor de crioula e do presépio de palhinhas. Com o batuque muito parecido ao do Divino, o cacuriá agrega vários outros ritmos como carimbó e as festividades juninas. 
O cacuriá é ritmado por duas caixas (espécie de tambor feito com couro de boi), dançado com passos marcados, onde os dançarinos se utilizam do rebolado do quadril, da improvisação e da interação com a platéia. O contato corporal com o parceiro da dança é fundamental na brincadeira. A dança é provocante e cheia de simbolismo, transmitindo a manifestação da cultura, das crenças e costumes do povo.
Esta brincadeira ganhou popularidade através de Dona Teté (Almeirice da Silva Santos 1924-2011). Ela criou o grupo "Cacuriá de Dona Teté", responsável por difundir a dança em todo o Maranhão e também no Brasil.

O blog de Andre de Sousa traz três postagens sobre o tema. Vale a pena visitar!

http://musicalizabrasil.blogspot.com.br/2011/10/educacao-musical-serie-ritmos.html

Falando de Rosas

Estava procurando uma cantiga para as crianças dançarem na festa junina da escolinha. Esta música é uma graça e neste arranjo ficou melhor ainda. Apreciem!