Objetivo Principal

O objetivo deste blog é construir e compartilhar experiências em Educação Musical para crianças. A ideia principal é estabelecer um repertório de músicas escritas especialmente para crianças, seus autores e os meios materiais de sua origem.



domingo, 20 de junho de 2021

BERENICE DE ALMEIDA - MÚSICA PARA CRIANÇAS

Hoje quero falar de um livro muito especial, que vem sendo fonte de pesquisa e inspiração para minhas aulas de música este ano: "Música para Crianças - Possibilidades para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental" de Berenice de Almeida.

Este livro faz parte da coleção "Como eu ensino" da editora Melhoramentos. 

Segundo a autora, este livro nasceu ainda na década de 90, originalmente escrito em capítulos, que eram enviados por fax para assinantes, com o intuito de sugerir propostas, mostrar um caminho para professores de música ou não, de como fazer música com crianças.


O livro foi escrito especialmente para professores,  oferecendo ferramentas didáticas a partir da experiência da autora, para um ensino de música envolvente e significativo. Muito prático, o livro é dividido em três módulos: ouvir, cantar e tocar. 

O primeiro módulo tem como objetivo estimular a percepção auditiva: ouvir os sons que nos cercam, perceber seus parâmetros, descobrir as fontes sonoras, identificar, comparar os sons e ampliar o repertório sonoro da criança.

O segundo módulo é sobre o canto. Traz um repertório de canções infantis, da música popular brasileira, assim como valoriza a diversidade com canções africanas e indígenas. A autora lembra que é preciso cantar muito, desde a Educação Infantil, resgatando o hábito de cantar nas crianças. Além disso, recorda que utilizar a voz, nosso primeiro instrumento musical, é uma forma de expressão e um meio eficaz de desenvolvimento da musicalidade e do espírito de coletividade. 

Por fim, o módulo 3 traz atividades de tocar, de fazer música tocando instrumentos musicais convencionais ou não, explorando objetos sonoros e também o próprio corpo. 

Berenice destaca que o conteúdo do livro não é uma receita pronta a ser seguida. Segundo ela o professor tem que sempre estudar muito. A experiência e a vivência do professor é muito importante, pois traz mobilidade, capacidade de improvisar, de criar e de ouvir as crianças. 

As atividades propostas no livro são muito boas, mas é preciso que todo professor busque um planejamento não engessado, que olhe para o aluno, para a turma, que possa ser flexível e adaptável ao grupo, ao momento e às expectativas do aprendiz. Berenice destaca a necessidade de um aprendizado a partir da brincadeira, onde os elementos da música serão vivenciados com o corpo, integrando o ouvir, o cantar e o tocar.

Ao planejar sua aula, o professor deve pensar em elementos disparadores: uma história, uma canção, um instrumento, um ritmo, uma brincadeira. 

Um exemplo disso é a canção Bolinha de Sabão do grupo Palavra Cantada. Segundo Berenice, a partir dessa canção é possível organizar uma sequência de atividades como: cantar a música; explorar sons que podemos fazer com a boca; ouvir a música "Que Som?" do grupo Barbatuques; criar sons com o corpo; brincar de fazer bolinhas de sabão; contemplar as bolinhas e desenhá-las; trabalhar com a duração - o tempo que existe até que a bolinha estoure; improvisar com sons suaves; buscar instrumentos ou objetos para produzir estes sons.

Em uma entrevista, Berenice fala  do trabalho que desenvolveu durante 26 anos na Escola Municipal de Iniciação Artística (EMIA) da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, onde dava aulas de iniciação musical e iniciação ao piano para crianças, num contexto bastante integrado com outras áreas artísticas, e como esta experiência foi importante para seu jeito de pensar e planejar atividades musicais para crianças.

Esta maneira de planejar as atividades é muito enriquecedora e remete a proposta HADOBI do educador Estêvão Marques, que usa os elementos - história, artes plásticas, dança, objeto, brincadeira e instrumento musical - que possibilitam a multiplicação do repertório do professor.




Pesquisando um pouco mais sobre Berenice de Almeida pude descobrir que já conhecia outros livros dela, todos muito importantes para os educadores musicais e professores que gostam de usar a música em sala de aula: "O Livro de Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada" em parceria com Gabriel Levy; "Outras Terras, Outros Sons", "A Floresta Canta: uma expedição sonora por terras indígenas no Brasil" e "A Grande Pedra" em parceria com Magda Pucci, entre outros.

Berenice de Almeida é educadora musical e pianista, mestre em Processos de Criação Musical pela Universidade de São Paulo. Participou da elaboração do Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil na área de Música (MEC. 2000). Atua como supervisora pedagógica do Projeto Brincadeiras Musicais da Palavra Cantada, ministras palestras, oficinas e cursos de cultura indígena e de formação musical para professores em diversas instituições.

Quem quiser conhecer a obra "Cantos da Floresta - Iniciação ao Universo Musical Indígenas" de Berenice de Almeida e Magda Pucci é só acessar o site: Cantos da Floresta - Iniciação ao Universo Musical Indígena. Lá é possível acessar atividades de contextualização, jogos, brincadeiras, músicas e dinâmicas envolvendo as músicas dos povos indígenas brasileiros.

Aproveitem! 


domingo, 21 de março de 2021

BARULHO, BARULHINHO, BARULHÃO

 No ano passado, assisti um programa no canal Arte 1, "O Tempo e a Música: depois do fim da canção" com apresentação do músico José Miguel Wisnik e do violonista e diretor artístico da Osesp Arthur Nestrovski. 

Foi aí que conheci melhor Arthur Nestrovski, pude vê-lo e ouvi-lo tocando. Eu já tinha lido seu livro "Outras Notas Musicais" e também tinha comprado o livro "Barulho, Barulhinho, Barulhão" para usar nas minhas aulas de música, mas confesso que naquele dia eu senti um pouco de inveja dele e de todo o conhecimento que ele demonstrou, da sua arte e do seu trabalho. Me lembro que ele comentou sobre como conseguia manter uma disciplina diária para estudar violão, mesmo com tantos afazeres, viagens e atividades diversas. E pensava comigo: preciso me inspirar um pouco nele e fazer mais, eu posso fazer mais, posso estudar mais.... A partir daquele dia eu voltei a tocar meu piano e a estudar algumas peças novas.


Arthur Nestrovski nasceu em Porto Alegre, em 1959, doutor em Literatura e Música pela Universidade de Iowa (EUA), é um compositor, violonista, crítico literário e musical, escritor e editor. Desde 2010 é diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sendo nomeado, em 2012, diretor artístico do Festival de Campos do Jordão.

Autor de vários livros, incluindo literatura infantil, mantém atividade musical como violonista e compositor. Gravou os CDs solo "Jobim Violão" e "Chico Violão", DVDs, em 2016 o CD "Pós Você e Eu" com sua filha Lívia Nestrovski e em 2020 "Sarabanda" . Também faz apresentações no Brasil e no exterior com artistas como Zé Miguel Wisnik, Zélia Duncan, Adriana Calcanhoto e Paula Morelenbaum.

Entre seus livros voltados para o público infantil estão "Bichos que Existem e Bichos que não Existem" que recebeu o Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Ficção, em 2003. Tem "Histórias de Avô e Avó", "O Livro da Música", "Cores das Cores", "Pelo Nariz", entre outros. E tem "Barulho, Barulhinho, Barulhão" que eu adoro!



Com ilustrações do artista Marcelo Cipis, que faz com que as imagens traduzam visualmente os sons evocados no texto, este livro é muito legal para despertar a curiosidade das crianças para a quantidade de sons que nos rodeiam. 



Semana passada, em uma aula de música para um grupo de crianças do 2º ano do EF1, pedi que elas dessem uma volta por suas casas (era uma aula online) e registrassem os sons que ouvissem durante o percurso. Uma delas voltou e disse: "eu não ouvi nada, só meus pais conversando". "Mas a conversa já é um som que você ouviu" - retruquei. Percebi que as respostas foram poucas, limitadas a sons como conversa, TV, passarinho e cachorro. 

Neste livro a criança vai ter oportunidade de reconhecer sons tão comuns, que não dá atenção: o barulhinho do mosquito, da latinha de refrigerante ao ser aberta, os sons que vem de seu corpo, os sons da cidade, do trânsito, da natureza... São barulhinhos, barulhos ou barulhões?

E no silêncio tem som? "O silêncio também faz barulho".

E que tal, para enriquecer a atividade de leitura do livro, terminar a aula com a música "Barulhinho, Barulhão" do Tiquequê? 



Até mais!






sábado, 6 de fevereiro de 2021

NO ENCANTO DOS PASSARINHOS




 


Em 2019, no dia do meu aniversário, ganhei de presente de uma amiga muito querida o livro “No Encanto dos Passarinhos”.

Este livro era muito especial... Primeiro porque foi escrito por Ilza Zenker Leme Joly, educadora musical e minha professora do curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São Carlos, sendo uma das fundadoras do curso. Segundo, porque foi ilustrado por Solange Lopes, artista plástica e amiga da minha amiga...

O livro é recheado de canções e pinturas maravilhosas. Com cuidado, Ilza recolheu algumas cantigas da cultura popular brasileira, que falavam de pássaros e, envolvendo amigos e familiares, criou este material.  As canções são apresentadas com suas partituras, a ilustração do pássaro, um pequeno parágrafo sobre os hábitos deste pássaro, além de sugestões sobre como utilizar a canção para fazer uma atividade em sala de aula, ou com seus filhos, cantando, dançando ou tocando.



Com certeza este livro nasceu de sua experiência como professora. Ilza trabalha com musicalização infantil há muitos anos. Assim, cada canção pode se transformar em uma verdadeira aula, onde a criança irá cantar, movimentar-se, realizar gestos, perceber ritmos, ouvir histórias, dançar, batucar e conhecer mais sobre os pássaros. Traz também a oportunidade para que possamos prestar mais atenção aos passarinhos, despertando o desejo de cuidar da natureza e preservar os habitats desses animais.

Os arranjos das músicas foram feitos por Lucas Joly e Vinicius Sampaio. Segundo eles os estilos musicais foram surgindo através da pesquisa dos passarinhos, sua forma de cantar, voar e viver.

Tem maxixe, samba, rock, guarânia, cantiga de ninar, reggae e até heavy metal.

Os músicos buscaram apresentar as canções com grande riqueza instrumental, modificando os instrumentos solistas em cada uma delas, tornando o CD, além de agradável de ouvir, muito interessante e didático, apresentando aos ouvintes um universo sonoro rico e diversificado.

Até a própria Ilza participou da gravação do CD, tocando flauta doce e sanfona.

Segundo Solange Lopes, amiga de Ilza e ilustradora, o período de construção do livro foi de convivência rica e afetuosa. Ela buscou conhecer bem cada pássaro, cada música, para a partir daí fazer suas pinturas.

O resultado disto é um trabalho que vale a pena ser conhecido!

“Este livro é um presente para as crianças e adultos, para os pais, avós, educadores e educadoras e, enfim, para todas as pessoas que seguem se encantando com a beleza e o encantamento dos pássaros, das canções, da música, do conviver...”(Teca Alencar de Brito)

terça-feira, 14 de julho de 2020

O BRASIL DE TUHU



Um dos melhores materiais que conheci neste primeiro semestre (que já se passou) foi o CD Brasil de Tuhu.



Foi lá que conheci a música “Você diz que sabe tudo”. Que gracinha! As crianças, tanto da Educação Infantil quanto do Ensino Fundamental 1, se apaixonaram pela letra e melodia.

Você diz que sabe tudo
Mas não sabe namorar
Quero que você me diga, oh! lêlê!
Quantos peixes tem o mar.
Quantos peixes tem o mar!
Eu não posso te dizer
Que o mar é muito grande, oh! lêlê!
Tenho medo de morrer.

Na verdade, estava lendo um livro sobre Educação Infantil e, quase no final, ele citava alguns aplicativos de música para crianças. Através do aplicativo Tuhu Musical cheguei até a página do projeto e me deliciei com todo material disponibilizado, como sempre me encantando com tanta coisa boa, ali, disponível, gratuitamente e de altíssimo nível!

O que é o Brasil de Tuhu? É um programa voltado à promoção da Educação Musical no Brasil realizado pela Baluarte Cultura e pela violinista Carla Rincón. O programa recebeu este nome para fazer uma homenagem ao maestro Villa-Lobos, cujo apelido de infância era Tuhu (Tuhuuuuuu é o barulho dos trens de ferro, seu apito e seu fascínio, principalmente para as crianças).

Através do site http://brasildetuhu.com.br/  é possível conhecer o programa e visitar suas ações a favor da Educação Musical. Dirigido pela violinista Carla Rincón, a equipe desta plataforma se dedica a desenvolver materiais de apoio para professores e educadores.



Existe um programa de Concertos Didáticos que leva música para os alunos de escolas públicas do Brasil, trabalho que vem sendo realizado desde 2009. As escolas que participam do projeto recebem uma formação: a Vivência Musical para os educadores, com oficinas que possibilitam troca de experiências e formação.

O projeto já fez, em parceria com a consultoria JLeiva, o mapeamento de iniciativas brasileiras que tem como objetivo a ampliação da Educação Musical e é possível consultar os resultados deste trabalho no site.

Lá também temos a Biblioteca... Muito legal! Você vai conhecer o aplicativo Tuhu Musical, que traz jogos educativos e pode ser baixado no seu celular ou tablet. Tem também o CD “Brasil de Tuhu”, muito lindo, recheado de cantigas do Guia Prático de Heitor Villa-Lobos, gravado pelo Quarteto Radamés Gnatalli, com arranjos maravilhosos e músicos convidados como Mauro Senise, Zeca Pagodinho e Elba Ramalho.

Continuando... Você pode conhecer a Rádio Tuhu, que traz podcasts temáticos, a Revista Tuhu, com artigos sobre Educação Musical e o Gibi “O Brasil de Tuhu” com história e atividades musicais.

Um material riquíssimo são os Guias Didáticos. Você pode baixar gratuitamente. São dois volumes que trazem jogos, brincadeiras, sugestões, materiais, sequências didáticas que com certeza irão enriquecer sua prática junto aos seus alunos.



Ainda são disponibilizadas Vídeo Aulas de instrumentos variados e de musicalização também.

Convido a todos a visitarem este site! Me encanta conhecer projetos tão lindos e cercados de qualidade e generosidade. Parabéns a toda equipe!

domingo, 9 de setembro de 2018

FOLCLORE: A INFLUÊNCIA PORTUGUESA - MÚSICAS, LENGALENGAS E BRINCADEIRAS.



No mês de agosto fiz um trabalho com minha turma do 3º Ano sobre folclore. Como eles estavam desenvolvendo um projeto sobre ervas medicinais e plantando ervas na horta da escola, resolvi começar por canções como Alecrim, Manjerico e Erva-Cidreira. Todas estas canções são de origem portuguesa. 
Os portugueses foram responsáveis pela formação inicial da nossa população. A língua portuguesa é falada em todo o país.
No folclore brasileiro um grande número de festas e danças, trazidas pelos portugueses, foram incorporadas como: a Cavalhada, o Fandango, as Festas Juninas e a Farra do Boi. As crianças brasileiras são ninadas com cantigas de origem portuguesa como Bãobalalão, Sai Bicho Papão e Senhora Santana.  
Canções como Pirulito que já bateu, Machadinha, Viuvinha, Alecrim são de origem portuguesa. Nas lendas temos a Cuca, o Lobisomem, a Cabra Cabriola e o Bicho Papão. Nas danças encontramos a Cana Verde, a Ciranda e o Pezinho.
Muitos jogos que brincamos também chegaram ao Brasil por meio dos portugueses: o jogo de saquinhos, a amarelinha, a bolinha de gude, o jogo de botão, o pião e a pipa.
A canção Erva-Cidreira foi gravada por Estêvão Marques no CD-Livro 'Brasil for Children", uma preciosidade que todos deveriam conhecer!

ERVA-CIDREIRA

Ó erva-cidreira, que estás na varanda,
Quanto mais te rego, mais pendes pra banda.
Mais pendes pra banda, mais a rosa cheira,
Que estás na varanda, ó erva-cidreira.

Ó erva-cidreira, que estás no telhado,
Quanto mais te rego, mais pendes pro lado.
Mais pendes pro lado, mais a rosa cheira,
Que estás no telhado, ó erva-cidreira.

Ó erva-cidreira, que estás no jardim,
Quanto mais te rego, mais pendes pra mim.
Mais pendes pra mim, mais a rosa cheira,
Que estás na varanda, ó erva-cidreira.

Uma música que agradou muito as crianças foi "Uma Casa Portuguesa", composição de Artur Fonseca com letra de Reinaldo Ferreira e Vasco Matos Sequeira, imortalizada na voz de Amália Rodrigues.

Aproveitei para trabalhar também com as Lengalengas. Lengalengas são textos bem curtos, com rima ou não, onde se repetem palavras ou expressões e são fáceis de decorar. Podem estar ligadas à brincadeiras e jogos infantis e são transmitidas de geração em geração, algumas são cantadas a centenas de anos.
Aqui no Brasil chamamos as Lengalengas de Parlendas. Estas duas foram retiradas de um livro, disponível na internet: "Velhas Lengalengas e Rimas do Arco-da-Velha".
https://www.luso-livros.net/wp-content/uploads/2013/05/Lengalengas-e-Rimas-do-Arco-da-Velha.pdf



Tem muito material bonito e interessante. Destaco estas duas:

AS TRÊS RATINHAS 

Três ratinhas 
Nos sofás
A beberem
O seu chá.

A primeira ratinha
Uma chávena bebeu.
- Já está!


A segunda ratinha
Duas chávenas bebeu.
- Que bom está o chá!


A terceira ratinha
Bebeu e gostou
Gostou e bebeu
Bebeu e gostou
Gostou e bebeu
E de tanto gostar
Acabou por rebentar.

SOLA, SAPATO

Sola, sapato,
Rei, Rainha
Foi ao mar
Pescar sardinha
Para o filho
Do juiz
Que está preso
Pelo nariz.

Salta a pulga
Na balança,
Dá um pulo
Até a França,
Os cavalos a correr,
As meninas a aprender,
Qual será a mais bonita
Que se vai esconder?


Esta outra lengalenga está no livro: 




Adaptei um arranjo para flauta doce ou canto, pequena percussão e percussão corporal.
A letra é: 

"Réu, réu, vai ao céu
Buscar o meu chapéu.
Se for novo trá-lo cá,
Se for velho deixa-o lá."








sábado, 2 de junho de 2018

O MENINO POETA - Canções e Poemas

Alguns dias atrás tive a oportunidade de assistir Estêvão Marques e Chico dos Bonecos com a história "O Barro e a Nuvem" (vale a pena conferir!!!). Durante a transmissão, Chico dos Bonecos citou alguns autores que tinham voltado suas obras para as histórias, poesias e músicas infantis. Entre eles Antônio Madureira. Fui pesquisar e descobri um LP que me encantou: O Menino Poeta.



Que trabalho bonito!
Antônio Madureira foi autor do projeto, dos arranjos e da regência. Gravado em 1985 pelo Estúdio Eldorado, o LP contem 16 poemas de escritores brasileiros como Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana, Mário de Andrade, Stella Leonardos, Henriqueta Lisboa, Jorge de Lima, Cassiano Ricardo e Vinicius de Moraes.
Segundo Antônio Madureira:

."...vasculhei a obra dos grandes poetas modernos brasileiros em busca de textos que reinventassem o mágico e o lúdico da cultura infantil."


Segundo o autor, o objetivo do disco era apresentar poemas musicados para crianças e divulgar o trabalho de um conjunto de poetas que se voltaram para a escrita de poemas para leitores em formação.

"Com a minha vivência com a música elementar e minha experiência de compositor, aventurei-me a musicar alguns destes poemas e criar um comentário sonoro para outros que fossem narrados pela atriz Irene Ravache, em boa hora indicada pelo Estúdio Eldorado. Dai nasceram melodias simples, muitas vezes calcadas nas cantigas do cancioneiro folclórico, tudo dentro da nossa tradição musical.
Este LP, “O Menino Poeta”, é uma síntese dos anteriores. É uma reflexão sobre o mundo de alegria e poesia que está errante no inconsciente do sombrio homem dos nossos tempos.”
(Texto extraído da capa do LP, assinado por Antônio Madureira).

O LP é uma obra prima! Além da beleza das canções e dos poemas, conta com a participação de músicos como Toninho Ferragutti, Heraldo do Monte, Zygmunt Kubala, Antônio Carrasqueira, entre outros.
Antônio Madureira é natural de Macau, Rio Grande do Norte. Nascido em 1949 é um músico, maestro, compositor e violonista. Pesquisador da música popular nordestina, passou a integrar o Quinteto Armorial, gravando em 1974 o primeiro LP do grupo. 
O Quinteto Armorial foi organizado, sob orientação de Ariano Suassuna, com o objetivo de criar uma arte brasileira erudita, baseada nas raízes populares da nossa cultura. O trabalho do grupo ficou registrado em 4 CDs.
Antônio Madureira lançou vários discos como "Romançário" em 1996, "Violão" em 1982, "Bandeira de São João" em 1987, "Baile do Menino Deus (Uma Brincadeira de Natal)" em 1983, entre outros. Também participou como regente, arranjador e diretor de produção dos CDs “Brincadeiras de Roda, Estórias e canções de Ninar”  e "Brincando de Roda", ambos pelo Estúdio Eldorado.
Segundo Ariano Suassuna:

"...a música de Antônio Madureira tem, para o Brasil, a mesma importância que a gravura de Gilvan Samico, o romance de Guimarães Rosa e a poesia de João Cabral de Melo Neto."







As músicas e poesias estão disponíveis para apreciação em:

https://www.facebook.com/MaestroAntonioMadureira/videos/1689948867714196/


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

ESTORINHAS PARA OUVIR - APRENDENDO A ESCUTAR MÚSICA




No início deste ano, às voltas com os planejamentos de aula de música, encontrei um belíssimo material no site do Projeto Guri. São livros didáticos feitos para uso nos polos do projeto.  Disponibilizados no site, os livros são um rico material para educadores musicais. Dois deles me chamaram atenção, pela área em que atuo e foram desenvolvidos por Enny Parejo.
A partir deles, descobri esta autora e comprei o livro “Estorinhas para Ouvir – Aprendendo a escutar música”. O livro, publicado em 2007, pela editora Irmãos Vitale, é um “livrinho diferente”, segundo a autora. Além de insistir em usar a palavra Estória, que não é mais usada, mas, que nos tempos em que éramos crianças, eu e a autora, era usada para denominar os contos de fada, as fábulas e outras, enquanto o termo História denominava os fatos ocorridos no nosso país ou no mundo, traz não  “estórias”: tem também música e sugestões de atividades de desenho, pintura, escultura, relacionadas ao tema das “estorinhas”.
O mundo em que vivemos está cada dia mais barulhento. As músicas, os ambientes estão mais barulhentos. As pessoas falam mais alto, nas festas não se pode mais conversar, o som está presente em quase todos os momentos. Talvez o silêncio, a quietude nos intimide. As crianças querem falar, não sabem esperar sua vez, não sabem ouvir. Será que só as crianças?
As estorinhas da Enny nos chamam a dar um passo em direção ao mundo silencioso. Parar para ouvir. Ouvir com atenção e desapego. São excelentes como meios para se obter a concentração, o relaxamento e a atenção das crianças. São pequenas estórias, mas tão cheias de significado e imaginação!
O livro vem acompanhado do CD, onde ouvimos as estórias narradas pela Enny Parejo. Depois de cada narração o CD traz uma música sugerida: são pequenas composições de Antônio Ribeiro, selecionadas entre as VIII Miniaturas para Piano.
As ilustrações do livro são da artista plástica Cecília Borelli e as composições para piano foram interpretadas pela pianista Maria Elisa Risarto.


Enny Parejo é doutora em Educação pela PUC de São Paulo, formada em Piano pela Faculdade Paulista de Arte e especialista em Pedagogia Musical. Entre suas obras está o livro "Musicalizar - Uma Proposta Para Vivência dos Elementos Musicais" e diversos artigos sobre educação musical. Atualmente dirige o ATELIER MUSICAL ENNY PAREJO, em São Paulo. Trabalha como professora de Graduação, Pós Graduação e elabora cursos de formação para professores, além de material didático. Quem quiser conhecer mais um pouco de suas ideias é só visitar o site:
Termino minha postagem com as palavras da autora:
“A criança que consegue silenciar para ouvir música conseguirá também silenciar para ouvir os colegas, ouvir o que o professor diz, ouvir os sons que a cercam, e conseguirá colocar-se num estado perceptivo especial. As estorinhas para ouvir podem se tornar amigas das crianças e aliadas do professor na obtenção de um clima tranquilo para iniciar a aula. Este é o maior presente que a educação musical pode oferecer ao processo de educação integral da criança: aprender a ouvir.”

Falando de Rosas

Estava procurando uma cantiga para as crianças dançarem na festa junina da escolinha. Esta música é uma graça e neste arranjo ficou melhor ainda. Apreciem!